Comunicação Não Violenta: 20 situações práticas para Gestores e Colaboradores

Comunicação Não Violenta: 20 situações práticas para Gestores e Colaboradores

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Comunicação Não Violenta: 20 situações práticas para Gestores e Colaboradores

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Comunicação Não Violenta: 20 situações práticas para Gestores e Colaboradores

A comunicação dentro das empresas sempre foi um tema delicado. E talvez você já tenha presenciado situações em que um simples e-mail ou reunião se transformou em um grande mal-entendido. Às vezes, um tom atravessado é suficiente para esfriar relações que deveriam estar aquecidas pela colaboração. Não é exagero: palavras e silêncios são capazes de construir — ou destruir — pontes entre pessoas e setores inteiros.

Agora, imagine um ambiente profissional onde as pessoas conseguem interpretar e expressar sentimentos, necessidades e pedidos com clareza e empatia. Parece irreal? Na verdade, esse cenário está cada vez mais possível por meio de uma abordagem chamada comunicação não violenta (ou CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg.

Falar bem não é só escolher palavras, é ouvir o que está por trás delas.

Neste artigo, vou mostrar como os pilares da CNV ajudam a transformar mal-entendidos em oportunidades e como gestores e equipes podem colocar isso em prática no seu dia a dia. Inclusive, separo 20 exemplos reais para líderes e outros 20 para colaboradores melhorarem relações, alinhamento e resultados.

O que é a comunicação não-violenta?

Marshall Rosenberg, psicólogo norte-americano, observou que boa parte dos conflitos não nascem das diferenças, mas da forma como comunicamos nossas necessidades e sentimentos. Ele percebeu ainda que julgamentos, rótulos e acusações, além de frequentes, só afastam ainda mais as pessoas de encontrar soluções em conjunto.

Assim surgiu a comunicação não violenta, com um objetivo simples, mas potente: substituir reações automáticas e defensivas por conversas conscientes, empáticas e construtivas. Não é sobre evitar conflitos, mas ressignificá-los para que sirvam de base para conexões mais genuínas.

O método se estrutura em quatro pilares, aplicáveis tanto em conversas difíceis quanto nos diálogos cotidianos entre líderes, colegas e equipes:

  • Observação: Focar nos fatos, separar o que aconteceu do que pensamos sobre o ocorrido.

  • Sentimento: Identificar e nomear as emoções despertadas pela situação, ao invés de apontar dedos.

  • Necessidade: Entender quais valores, desejos ou necessidades estão por trás daquele sentimento.

  • Pedido: Expressar de forma clara e positiva o que gostaríamos que acontecesse — criando espaço real para negociação.

Por que aplicar a CNV em equipes?

Saber escutar e expressar-se de forma respeitosa parece básico, mas a rotina acelerada e a pressão por entregas criam situações em que colaborador e gestor se sentem incompreendidos ou desvalorizados. Bastam pequenas palavras atravessadas para gerar ressentimento, desengajamento e até pedidos de desligamento.

A abordagem de Rosenberg oferece um caminho alternativo. Veja como ela pode impactar o cotidiano das empresas:

  • Redução de conflitos: Quando julgamentos e acusações dão lugar aos fatos, os ruídos diminuem drasticamente.

  • Fortalece o trabalho em equipe: As pessoas passam a valorizar diferentes pontos de vista, resultando em troca de ideias mais ricas e decisões menos centralizadas.

  • Melhora a comunicação: Clareza e empatia na fala reduzem suposições e "achismos", evitando retrabalho e desalinhamentos.

  • Fomenta a liderança empática: Líderes se tornam exemplos, capazes de inspirar times ao invés de apenas buscar resultados.

  • Cria uma cultura positiva: Um ambiente mais acolhedor eleva o engajamento, diminui rotatividade e aumenta o sentimento de pertencimento.

Ouvir de verdade é, muitas vezes, o começo de toda solução.

Não é raro ver empresas que, após treinarem times em CNV, relatam menos reuniões exaustivas, menos conflitos que se arrastam por semanas e muita gente dizendo: “parece que finalmente posso falar o que penso, sem medo”.

Os quatro pilares da CNV na prática

Para não cair na teoria, é importante traduzir os pilares da CNV para situações do dia a dia. Pode ser tentador resumir tudo em “mais empatia”, mas vai um pouco além disso. Cada pilar tem um papel — e eles se complementam.

Observação: separar fatos de julgamentos

Sabe quando, numa reunião, alguém diz “você nunca entrega as tarefas no prazo”? Esse tipo de fala mistura fatos e julgamentos. Em contraponto, uma observação com base na CNV seria: “Notei que, nas duas últimas entregas, os prazos foram ultrapassados em um dia”.

Parece pouco, mas muda toda a disposição de quem ouve. Fatos são pontos de partida. Julgamentos, atalhos para o conflito.

Sentimento: dar nome ao que se sente

Quantas vezes você disse “fiquei decepcionado” quando, na verdade, estava frustrado, preocupado ou até com vergonha? Comunicar o sentimento real ajuda a desmontar mecanismos de defesa, abrindo espaço para escuta. Ao invés de atacar, a pessoa compartilha o que está acontecendo consigo.

Necessidade: ir além do que se vê

Por trás de todo sentimento, existe uma necessidade não atendida. Pode ser reconhecimento, clareza sobre objetivos, ou simplesmente vontade de contribuir mais. Ao partilhar necessidades, surgem soluções criativas — muitas vezes, antes invisíveis.

Pedido: transformar desejo em ação possível

É comum terminar uma conversa esperando que o outro adivinhe o que deveria ser feito. Em CNV, o pedido é explícito: “Você poderia me enviar um e-mail até amanhã detalhando esse ponto?”.

Pedidos claros evitam cobranças silenciosas.

Benefícios práticos da comunicação consciente nas equipes

Falando em resultados tangíveis, a abordagem da comunicação sincera e empática traz à tona benefícios que vão muito além da harmonia. Entre eles:

  • Maior colaboração nas equipes: Falas acolhedoras aumentam a disposição das pessoas em dividir experiências e buscar soluções em conjunto.

  • Redução do turnover: Ambientes com menos tensão são naturalmente mais atrativos e ajudam a reter talentos de diferentes perfis.

  • Agilidade nos processos: Comunicação direta reduz o número de reuniões improdutivas e acelera tomadas de decisão.

  • Bem-estar emocional: Times que sentem confiança para expressar necessidades geram menos absenteísmo e menor adoecimento emocional.

  • Maturidade para feedbacks: A experiência mostra que, quando feedbacks são dados a partir da CNV, ocorre crescimento mútuo, não competição.

20 exemplos de CNV para gestores e líderes

Para tornar a comunicação mais consciente, líderes precisam de repertório — e sensibilidade para adequar a abordagem ao perfil do time. A seguir, alguns exemplos práticos de como aplicar CNV no dia a dia da liderança:

  1. No lugar de “você está atrasado de novo”, tente “Percebi que ultimamente suas entregas têm chegado após o prazo combinado. Gostaria de entender se existe algum obstáculo ou se posso apoiar em algo?”.

  2. Ao dar feedback negativo, comece relatando o fato: “Nas últimas reuniões, notei que sua participação foi menor. Isso me preocupa, pois valorizo sua opinião. Há algo que posso fazer para melhorar seu engajamento?”.

  3. Para pedir uma tarefa extra, explique: “Estou percebendo um aumento de demandas nesta semana. Você teria disponibilidade para assumir mais esse projeto? Se não, podemos negociar prioridades.”.

  4. Na hora de reconhecer, diga algo como: “Quero agradecer pelo cuidado nos relatórios. Sinto confiança ao ver como você organiza as informações. Isso faz diferença no nosso resultado”.

  5. Se precisar negar um pedido, seja honesto: “Eu ouço sua solicitação de folga. Neste momento, estamos com equipe reduzida e preciso garantir o andamento das entregas. Há outra forma de atender sua necessidade?”.

  6. Ao ouvir reclamações recorrentes, responda: “Tenho percebido que esse tema surge com frequência. Me ajuda a entender o que mais te incomoda?”.

  7. Quando não entende uma atitude, questione: “Notei que você se afastou do grupo durante a atividade. Pode me contar como se sentiu?”.

  8. Em situações de conflito entre colegas, atue assim: “Vejo que houve divergências sobre o encaminhamento do projeto. Propomos juntos uma solução?”.

  9. Para sugerir melhoria, diga: “Notei alguns atrasos nos processos. Podemos juntos revisar o fluxo e pensar em ajustes?”.

  10. Ao receber uma crítica, agradeça: “Obrigado pelo retorno. Fico aberto para ouvir o que pode ser feito diferente pelas lideranças.”.

  11. Ao apresentar resultados ruins, compartilhe: “Esses dados geram preocupação em mim, pois sei do nosso potencial. Como podemos, juntos, reverter esse cenário?”.

  12. Em decisões impopulares, seja transparente: “Compreendo que a mudança de horários traz desconforto. Preciso garantir o atendimento ao cliente em todos os turnos. Que sugestões vocês teriam para minimizar esse impacto?”.

  13. No onboarding de novos membros, afirme: “Sei que entrar em um time novo pode gerar insegurança. Estou disponível para perguntas e gostaria de saber se há algo que possamos fazer para facilitar sua integração.”.

  14. Na cobrança de resultados, tente: “Sinto necessidade de acompanharmos os indicadores mais de perto. Como podemos construir juntos uma rotina de atualização?”.

  15. Ao delegar, explique: “Estou sobrecarregado com demandas e confio que você possa assumir esse desafio. Caso precise de suporte, me avise.”.

  16. Para estimular participação, peça: “Sua opinião é importante para decisões do time. Se sentir vontade, compartilhe mais nas próximas reuniões?”.

  17. Se alguém interrompe outros, intervenha: “Percebo que há ansiedade em contribuir, mas gostaria de ouvir todos até o fim. Podemos combinar de esperar a fala terminar e depois comentar?”.

  18. Ao barrar fofocas, oriente: “Prefiro realinhar diretamente com quem está envolvido, buscando entendimento e solução.”.

  19. Quando sentir desmotivação no time, questione: “Tenho notado queda de energia nas reuniões. O que vocês acreditam que pode contribuir para melhorar o clima?”.

  20. Ao lidar com pedidos de mudança ou promoção, seja transparente: “Gostaria de entender seu interesse em migrar de área. Vamos conversar sobre seu plano de desenvolvimento?”.

20 exemplos de CNV para colaboradores

A comunicação franca não é papel só das lideranças. Cada pessoa pode exercitar esse olhar cuidadoso, tornando-se protagonista no clima organizacional. Para quem deseja melhorar esse lado, seguem exemplos de como praticar CNV como membro da equipe:

  1. Ao discordar de algo, diga: “Penso diferente sobre esse ponto. Posso compartilhar meu ponto de vista?”.

  2. Para pedir prazos maiores, use: “Tenho outros compromissos urgentes. Seria possível negociar o prazo dessa tarefa?”.

  3. Ao solicitar feedback, afirme: “Gostaria de saber como posso melhorar meu desempenho. Você poderia me dar um retorno?”.

  4. Se sentir sobrecarregado, exponha: “Estou encontrando dificuldades para dar conta de todas as demandas. Podemos revisar as prioridades?”.

  5. Na hora de elogiar, diga: “Achei o relatório muito bem estruturado e facilitou meu trabalho. Obrigado!”.

  6. Em conflitos com colegas, proponha: “Notei que nossas opiniões divergem. Podemos conversar para esclarecer expectativas?”.

  7. Ao não ter compreensão de tarefa, pergunte: “Não entendi todos os passos desse processo. Poderia explicar novamente?”.

  8. Se não quiser participar de alguma ação, fale: “Nesse momento, não estou confortável para expor minha opinião em público. Posso compartilhar por e-mail?”.

  9. Para expressar insegurança, seja transparente: “Estou inseguro para apresentar sozinho. Poderíamos dividir essa responsabilidade?”.

  10. Quando sente falta de autonomia, comente: “Gostaria de ter mais liberdade na execução dessas tarefas. Existe abertura para isso?”.

  11. Ao pedir ajuda, diga: “Preciso de apoio para cumprir essa demanda. Pode me ajudar?”.

  12. Se identificar ruídos de comunicação, sugira: “Percebo que algumas informações não estão chegando a todos. Podemos pensar em formas de melhorar nosso canal?”.

  13. Ao reconhecer um erro, assuma: “Cometi um equívoco ao registrar esse dado. Peço desculpas e estou disponível para corrigir.”.

  14. Quando se sentir excluído, diga: “Tenho sentido que minha opinião não vem sendo considerada. Como podemos envolver todos nas discussões?”.

  15. Ao receber uma crítica, responda: “Agradeço pelo feedback. Vou refletir sobre o que foi apontado.”.

  16. Se for interrompido, pontue: “Posso concluir meu raciocínio e, depois, ouvir o seu?”.

  17. Para solicitar recursos, explique: “Acredito que a equipe renderia mais com ferramentas atualizadas. Existe chance de analisarmos essa possibilidade?”.

  18. Na sugestão de melhorias, contribua: “Pensei em alguns ajustes para facilitar nossa rotina. Posso compartilhar com o grupo?”.

  19. Ao lidar com fofocas, diga: “Prefiro tratar esse tipo de situação somente com quem está envolvido.”.

  20. Se sentir sobrecarga emocional, busque apoio: “Percebo que estou estressado ultimamente. Gostaria de conversar sobre isso?”.


Cultivando uma escuta ativa e liderança empática

Uma escuta de qualidade não é apenas ouvir palavras, mas captar intenções, sentimentos e necessidades expressas — ou ocultas — em cada conversa. Líderes e colaboradores que se dedicam a aprimorar a escutatória percebem rapidamente como ruídos diminuem e os relacionamentos ficam mais leves.

No contexto da liderança, a escuta empática tem efeito multiplicador. Quando um gestor realmente se dedica a compreender o que está sendo dito, ganha confiança do time, recebe informações mais relevantes e consegue atuar de forma mais assertiva. Isso naturalmente se reflete em cooperação, engajamento mais alto e menos resistência a mudanças.

Quando ouvir se torna prioridade, soluções aparecem com mais facilidade.

Onde começa a verdadeira mudança?

Implementar uma comunicação mais consciente e respeitosa vai muito além de cartilhas ou modismos corporativos. Envolve um compromisso diário de líderes e equipes em prestar atenção ao que sentem, nomear necessidades e fazer pedidos que realmente possam ser atendidos. Pode parecer pouco no começo, mas pequenas mudanças nas conversas moldam grandes resultados ao longo do tempo.

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